terça-feira, 9 de março de 2010

IV Domingo da Quaresma



O pecado exclui, o amor reconcilia.
O perdão é a alegria de Deus: há mais alegria no céu por um só pecador que se converte…
Cada um de nós é o filho mais velho e o filho mais novo. Mas o mais esbanjador, pródigo, é o Pai, que nos ama sem medida: aquele de nós que se julga seu servidor fiel, descobre-se seu filho; aquele que se preparava para se ajoelhar, encontra-se entre os seus braços de Pai; aqueles que se julgam condenados, como os pecadores e pecadoras do Evangelho, maravilham-se com o acolhimento amigo, que Cristo lhes reserva. O Pai do céu tem pelos seus filhos o mesmo amor gratuito, o mesmo olhar de ternura, a mesma alegria do reencontro.
Ao longo desta quaresma, preparemos o nosso encontro com Deus, a nossa reconciliação com Ele, para vivermos dentro de dias, a alegria da Páscoa da ressurreição.

Evangelho Lc15, 1-3. 11-32


Fariseu 1 (Entra em cena com um colega) – Imagina. Esse Jesus foi hospedar-se em casa de um publicano.
Então ele não teme ficar impuro, contaminado?

Fariseu 2 – Há aqui nesta terra tantas famílias boas, puras, cumpridoras da Lei de Moisés, e esse tal Jesus vai sentar-se à mesa com um pecador público? Devia ser expulso desta cidade!

Jesus (ouve a conversa enquanto vai entrando e intervém) – Estais escandalizados com a minha atitude? Ficai a saber que são os doentes que necessitam de médico.
Eu vim para os doentes e necessitados de perdão e de paz.

Fariseu 1 e 2 – Explica-nos isso melhor.

Jesus – Então escutai.

(musica, desaparecem de cena, entra o narrador, um homem com o seu filho mais novo)

Pai – Que queres, meu querido filho?

Filho – Pai, hoje atingi a maioridade. Segundo a Lei tenho direito de dispor da minha herança.

Pai – Meu filho, decerto que és maior. Devo respeitar a tua vontade. Poderás vender os teus bens e fazer do dinheiro o que quiseres.

Filho – Dá-me então a herança que me pertence. Vou partir para o estrangeiro.

Pai – Tens aqui o documento. Com ele podes vender a tua herança. E que sejas feliz, meu filho!

(sai)


Filho – Adeus, pai. (saindo pelo corredor central) – Agora é que vai ser gozar a vida!

(esta acção narrada pode ser apresentada com diapositivos, desenhos pintados pelas crianças da catequese ou até mesmos apresentada em sombras chinesas)

Narrador – Este jovem vendeu tudo o que era dele e partiu para uma terra muito distante, onde gastou todo o dinheiro numa vida exagerada.
Quando já não tinha dinheiro, começou a ter necessidade. Foi pedir trabalho a um homem da região e ele mandou-o para os seus campos guardar porcos. Desejava encher o estômago mesmo com as bolotas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava.
Foi então que caiu em si e pensou: «Tantos trabalhadores do meu pai têm quanta comida querem, e eu estou aqui a morrer de fome. Vou mas é ter com o meu pai e digo-lhe: «Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já nem mereço ser teu filho, mas aceita-me como um dos teus trabalhadores».
Levantou-se e pôs-se a caminho da casa do pai.

Pai (entra em cena) – Que será feito do meu filho? Sem notícias dele há tanto tempo… Que desgosto a sua partida… Mas respeito a sua liberdade. Não o forçarei a vir para casa contra a sua vontade… Mas quem vem lá ao fundo? Parece o andar dele? Não há dúvida que é ele. Em que estado vem!

Filho (aparece ao fundo da sala e caminha, esfarrapado, em direcção ao palco) – Meu pai!

Pai (entra em cena e tem os braços abertos enquanto segue o caminhar do filho com o olhar. Ao aproximar-se, corre para ele e dá-lhe um grande abraço. Ficam assim durante alguns instantes) – Meu querido filho!

Filho – Daqui em diante, trata-me como um teu trabalhador…

Pai – Meu filho… Tu és sempre meu filho. Voltaste e esqueçamos o passado.
(bate as palmas, chegam dois empregados)
– E vós, que esperais? Trazei imediatamente a melhor túnica, as melhores sandálias e o anel da família. É uma ordem!
(entram e trazem imediatamente uma túnica, que vestem ao filho)


Filho – Pai, não mereço que me trates assim!

Pai – És o meu filho muito amado. E amar é perdoar. Vós, agora, ide preparar um banquete. Matai o vitelo mais gordo, contratai músicos. Vamos festejar o regresso do meu filho. (voltando-se para o filho)
- Que alegria reencontrar-te, meu filho!
(os dois saem da cena e ouve-se música de festa)


Narrador – E começaram os festejos. À tardinha, terminado o trabalho no campo o filho mais velho regressa a casa…

Irmão mais velho (entra em cena) – O que é que se passa em minha casa? Há música e danças!

Empregado 1 (entrando com flores) – Foi o teu irmão que regressou e o teu pai, feliz, quis festejar o regresso. Até mandou matar o vitelo mais gordo para o grande banquete.

Irmão mais velho – O quê? O meu irmão, a desonra da família, voltou? E o meu pai faz esta festa. É incrível! É revoltante! Não, não entrarei em casa.

Pai (ouve o filho mais velho e entrou sem ele dar por isso) – Então, meu filho! Que esperas para vir abraçar o teu irmão?

Irmão mais velho – Onde está a justiça? Há tantos anos que trabalho em casa, nunca te dei um desgosto. E tu nunca me deste um cabrito para comer com os meus amigos. Mas o teu filho chegou, ele que esbanjou toda a sua fortuna com mulheres de má vida, e tu fazes uma festa destas!

Pai – Meu querido filho, tu estás sempre comigo. Estás em tua casa e o que é meu é teu. Mas devias alegrar-te comigo, pois o teu irmão estava morto e voltou a viver, estava perdido e apareceu. Entra na festa.
(saem de cena)

Jesus – Vede, meus amigos, como é Deus Pai. É misericordioso e está disponível para perdoar durante as vinte e quatro horas do dia. É grande a sua alegria em perdoar. Vós, os que permaneceis fiéis, não fiqueis tristes com a sua alegria. Alegrai-vos em Deus.


Reflexão

Esta é uma parábola ou história inventada por Jesus.

Esse pai tão bom e misericordioso, que perdoa tanto, quem é?

É Deus. Não é um Deus vingativo e castigador.
É um Deus compreensivo e pronto a perdoar.
Quando pecamos e nos arrependemos, dá-nos sempre uma nova oportunidade para voltar-mos a tentar ser bons.
Gosta muito de nos ver felizes.

Esse filho que se afasta do pai e não encontra a felicidade, quem é?

Somos nós, sempre que pecamos.
Por vezes como esse filho mais novo, buscamos saciar a nossa sede de felicidade em esquecer Deus e ter muito dinheiro para gastar e gozar muito a vida.
Mas longe de Deus é impossível ser feliz.

Como o filho perdido e encontrado, sempre que pecarmos, corramos para Deus.
Ele perdoa-nos. Recebe-nos em sua casa. Muda o nosso coração de pedra, num coração de filho e de irmão.
Faz-nos felizes. Voltaremos a encontrar a alegria e a paz.


Acção de graças

Obrigado ó Pai. Guardai-nos no vosso amor.

Somos os vossos filhos pródigos, deixamos a vossa casa, ó Pai. Mas o vosso amor nos abre o caminho do regresso e nos acolheis como filhos vossos.

Obrigado ó Pai. Guardai-nos no vosso amor.

Somos os vossos filhos pródigos, fugimos para longe da vossa ternura, ó Pai. Mas vós correis ao nosso encontro, abris os braços e nos apertais contra o vosso coração.

Obrigado ó Pai. Guardai-nos no vosso amor.

Somos os vossos filhos pródigos, vestimos os farrapos do pecado, ó Pai. Mas vós nos revestis com o esplendor da vossa graça.

Obrigado ó Pai. Guardai-nos no vosso amor.

Somos os vossos filhos pródigos, vivemos nos laços do pecado, ó Pai. Mas vós partis as cadeias da nossa escravidão, pondo no nosso dedo o anel da nova Aliança.

Obrigado ó Pai. Guardai-nos no vosso amor.

Somos os vossos filhos pródigos, morrendo de fome, no país longínquo da miséria, ó Pai. Mas vós preparais-nos uma festa e saciais-nos com a vossa Eucaristia.

Obrigado ó Pai. Guardai-nos no vosso amor.

Somos os vossos filhos pródigos, tínhamos abraçado a mentira, amando a vaidade, ó Pai. Mas em vosso Filho, dai-nos o beijo do vosso perdão e nos abraçais como o melhor dos pais.

Obrigado ó Pai. Guardai-nos no vosso amor.

Pai de Jesus Cristo e fonte do Espírito Santo, estávamos mortos e nos fizestes voltar á vida, estávamos perdidos e nos encontrastes. Guardai-nos no vosso amor.


Levar para casa

A reconciliação e o perdão são experiências muito gratificantes.
Quem perdoa demonstra maturidade, generosidade, sensibilidade, coragem e amor de muitos quilates.
Um cristão verdadeiro nunca coloca condições para um perdão.
Um perdão com condições não é verdadeiro.
Sejamos generosos em perdoar e humildes ao aceitar o perdão.



























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