sexta-feira, 22 de abril de 2011
Análise médica e científica da Paixão de Cristo
Pelos testemunhos e pelos dados que foi possível encontrar, Cristo media 1.83 metros, tinha um corpo forte e musculosos, era moreno, tinha olhos escuros, cabelos pretos e abundante. O nariz era grande, tipicamente judeu, lábios carnudos e pesava 85 quilos.
A sua discrição encaixa-se perfeitamente na definição atlética, que corresponde a um carácter equilibrado e enérgico, com movimentos lentos e tranquilos. Caracteriza-se ainda pela perseverança e sobriedade mas capaz, as vezes, de movimentos impulsivos.
Jejuar durante 40 dias
A primeira coisa que nos chama atenção, apesar de ser muito anterior à Paixão propriamente dita, é a possibilidade de um jejum tão prolongado, como se diz, de (40 dias e 40 noites).
Neste aspecto registou-se alguma polémica. Alguns cientistas são de opinião que seria necessária alguma intervenção sobrenatural para que fosse possível sobreviver a um jejum tão prolongado. Contudo, os médicos acreditam que esse jejum atinge as margens do possível.
Segundo uma ordem lógica, a abstinência continuada produz fome e sede, sensação dolorosa, desfalecimento, debilidade muscular e frio. E, se o jejum se prolongar, pode advir mesmo a morte. A destruição começa pela gordura, passando depois aos órgãos mais complexos, às reservas, músculos e, por último, ao sangue. Ossos e sistema nervoso, por serem os menos oxidáveis, são os que menos peso perdem.
Contudo, o jejum modifica o metabolismo. Está demonstrado que o consumo orgânico diminui a abstinência. Ou seja, quanto mais se prolonga a abstinência menor é o consumo das reservas próprias do indevido e menor é o metabolismo. É como se o corpo desse um sinal de alarme, indicando que há uma escassez e que por isso é necessário utilizar o máximo de energia possível. (O emagrecimento por jejum é espectacular no inicio, mas em fases posteriores é muito lento).
Alem disso, não se pode esquecer que o numero 40 era um número simbólico e muito utilizado naqueles tempos. Moisés e Elias contam-nos que também jejuaram durante 40 dias e 40 noites. O Dilúvio também durou 40 dias e 40 noites. Talvez os 40 dias de jejum de Jesus não tenham sido 40 dias tal como imaginamos. Podemos pensar que era mais uma frase feita.
Em todo o caso, foram realizados estudos que podíamos denominar “jejuadores profissionais”. A conclusão a que chegamos é que Cristo teve de reduzir ao máximo a sua actividade durante esse tempo para que o seu consumo fosse o mínimo possível.
Relativamente ao êxtase de que se fala, poderá existir uma relação com o jejum prolongado ou com a redução do metabolismo.
Em qualquer caso, é possível fazer-se um jejum prolongado.
É possível soar sangue?
Um dos problemas que chamou a atenção foi o suor de sangue. Dizem: “ cheio de angústia chorava com insistência e suou grossas gotas de sangue que corriam para a terra”.
A ciência médica não enjeita a possibilidade de uma transpiração sanguínea. Não seria uma transpiração como tal, mas partículas meio coaguladas, tanto no rosto como noutras partes do corpo. É um fenómeno dominado hematose.
Isto acontece nos casos de forte tensão e angustia, quando há uma vasodilatação muito intensa dos capilares subcutâneos. Distendidos ao máximo pelo efeito da angustia, medo ou um forte sofrimento moral, podem romper-se e entrar em contacto com as glândulas sudoriparas. O sangue mistura-se com o suor e a sua saída para o exterior realiza-se através dos poros.
Não é fácil que isto aconteça, mas poderá ter uma explicação científica.
A coroa de espinhos
Outros dos temas abordados pela ciência foi o da coroa de espinhos. O primeiro problema que se colocou foi saber de que material era feita. Uns afirmam que se tratam de espinhos grossos e outros de espinhos finos.
De qualquer forma, tanto num caso como no outro, teria como consequência uma forte hemorragia devido à perfuração dos vasos que rodeiam a cabeça. Além disso, a perfuração dos tecidos finos que existem entre a pele e a caixa craniana produz uma forte inflamação com uma dor muito intensa.
A flagelação
Como é sabido, Cristo foi atado a uma coluna para receber o clássico castigo das 40 chicotadas. Segundo todas as discrições, o flagelo era uma espécie d chicote curto que tinha nas extremidades bolas de chumbo. Eram às vezes utilizados flagelos de três correias para aplicar o castigo dos 39 golpes. Tudo parece indicar que Jesus recebeu 80 golpes – 80 feridas – que corresponderiam às 40 chicotadas.
Segundo todos os indícios, os seus músculos teriam ficado praticamente destruídos. Além disso, pode imaginar-se a grande perda de sangue resultante dos cortes na pele.
A flagelação, segundo o costume da época, tinha três objectivos:
o castigo em si, obter confissões do réu ou de uma terceira pessoa, deixar o penoso em condições físicas tais que tornassem impossível uma rebelião ou sublevação violenta. a flagelação parece ter provocado uma serie de lesões nos músculos toráxicos.
As quedas
Foi nesse estado – músculos desfeitos, coroa de espinhos, hemorragias – que começou o caminho do Calvário.
As quedas são, assim, absolutamente normais e reais. É, além disso, possível que dado o seu estado físico se receasse pela sua vida antes de consumar o sacrifício da cruz. Daí a presença de Cirineu, que o terá ajudado a levar a cruz, por vontade própria ou por ordem dos pretorianos.
Tudo indica que, no caminho para o calvário, Cristo tenha transportado somente o pau transversal da cruz. Segundo a tradição, o pau vertical estaria já colocado no local do suplício. Cálculos realizados concluíram que o pau transversal pesava cerca de 45 quilos. No estado em que se encontrava, e transportando esse pau, supõe-se que as quedas terão ocorrido directamente sobre os joelhos.
A cruz
Apesar de toda a iconografia conhecida das representações, tudo indica que Cristo não teve nenhum apoio nos pés e que foi cravado directamente nos troncos. Não se sabe ao certo se os pregos atravessavam as palmas das mãos. A lógica diz que, a ser assim, ter-se-ia verificado um dilaceramento quase imediato das mesmas. Tudo parece indicar que foi cravado nos pulsos. Daí a contracção dos dedos polegares para dentro. (Os que acreditam na autenticidade da Semana Santa destacam que é por isso que só são visíveis quatro dedos em cada mão).
A lança
A ferida no costado parece ter sido feita depois de morto. Chamou-nos especial atenção o facto de se dizer que a ferida terá deitado sangue e água.
Muitos supõem que o liquido misturado com o sangue poderia resultar de um derrame pleural, apesar de não parecer possível que Cristo sofresse de uma pleurisia nos últimos anos, tendo em conta a sua constante actividade. Alguns chegaram mesmo a adiantar a hipótese de se tratar de um quisto hidático. Não obstante parece mais possível tratar-se de uma efusão pleural motivada pelas contorções na parede toraxica durante a crucificação e pelos sofrimentos e agonia.
Médico Ramon Sanchez-Ocaña
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