Um dia todos os Santos Doutores da corte celestial reuniram-se no céu para resolver um problema que muito os afligia.
O problema era este: na terra as pessoas não tinham tempo para rezar.
Que fazer para resolver este problema?
É que, afirmavam eles depois de o terem pregado e escrito nos seus livros enquanto viveram no mundo, a oração é tão necessária para a alma como o ar que respiramos para a vida ou o pão para a boca.
Após muito diálogo e sugestões, decidiu-se que um deles, o presidente da reunião, fosse pedir a Deus, senhor do tempo, que, a título de experiência, prolongasse o dia, acrescentando-lhe mais uma hora.
Assim com um dia de 25 horas e não de 24, as pessoas certamente teriam mais tempo para rezar.
Perante o zelo dos Santos Doutores, Deus concordou mas só a título de experiência e por um certo período de tempo.
Para ver como as pessoas reagiram a esta bondade de Deus em prolongar o tempo, alguns Santos Doutores deslocaram-se à terra, sob a forma humana, para ouvir as suas reacções.
Todos acharam a ideia magnífica.
Os homens de negócios tiveram mais tempo para multiplicar os contactos comerciais e assim ganhar mais dinheiro;
Os operários, trabalhavam mais uma hora e viam o seu salario aumentado;
Os desportistas treinavam mais uma hora por dia e assim subiu o nível das competições;
Os amigos da vida nocturna desfrutaram de mais uma hora para a sua boémia;
As pessoas amigas das telenovelas deram graças a Deus por poder passar mais uma hora diante da televisão;
Os preguiçosos deliciaram-se com mais uma hora de sono;
Os que estavam de férias acharam a ideia estupenda porque assim podiam descansar mais uma hora e bronzear melhor a pele, na praia…
De regresso ao céu aquela comissão de Santos doutores reuniu-se com os que tinham ficado e expuseram com tristeza o que se tinha passado com essa hora extra que servia para tudo menos para rezar.
É certo que algumas pessoas a tinham aproveitado para se unir mais a Deus. Mas essas… eram os que não precisavam da hora extra porque já sentiam necessidade de rezar mesmo com o dia normal de vinte e quatro horas.
Foram ter com Deus e contaram-lhe tudo o que tinha acontecido.
Deus concordou com eles e concluindo: a oração não é uma questão de tempo, mas de amor. Quando se ama alguém, há sempre tempo para estar na sua companhia.
E acrescentou: mesmo que eu fizesse os dias de trinta ou quarenta horas ainda haveria muita gente a queixar-se “não tenho tempo para rezar”, o que quer dizer não amo a Deus acima de todas as coisas.
A partir desse momento, foi anulada a vigésima quinta hora do dia porque não cumpria a finalidade para que tinha sido criada.